«La pensée pense ce qui la dépasse infiniment»




2012-01-05

o viajante.

Ele tem, como cobertura
o peso leve, da mochila
Leve, pois, em cada cidade
Deixa um pedaço de roupa
Leva uma [duas] saudade

Ele tem, como casa
um céu de sol, um céu de chuva
Um olhar perdido na noite
[estrelhada]
Onde alumia um coração
cantando triste alegria

Ele tem, como companhia
a liberdade de ser só
milhares de cores na alma
De encontros efêmeros, a magia
Esquecimentos e lembranças

Ele tem, como destino
uma estrada infinita
Perdeu o começo no caminho
deslizou das mãos, o fio
Fica correndo, solto, o fim
[na escuridão clara]

Ele tem, para se vestir
mais buracos do que tecido
Se confunde, confuso, no nada
Palhaçada ambulante, se espalha
Com gosto amargo na boca

Ele tem, como futuro
a promessa de não tê-lo
Arde, arde o presente ardente
O tempo sempre para, parado
[se enrola, desenrolando]
mais e mais depressa, tonto

O viajante tem, para caminhar
O passo constante de duas pernas
E seguirá, caminhando, só

Enquanto puder
Caminhar

Enquanto puder
Sonhar.