«La pensée pense ce qui la dépasse infiniment»




2011-09-03

travessas do desejo.

 



Ainda tenho o seu cheiro nos meus poros
Se espalha na minha cama, na minha mente
no meu respirar.
Cabe o seu cheiro, essa maresia sua,
no universo fechado da minha loucura
Cheiro doce e suave de felina.

Ainda sinto o seu peito contra meu
Persiste o seu corpo me tocando,
me acariciando
A sua língua buscando, no recôncavo
os lugares mais férteis e secretos,
do largo do Porto da minha fantasia
Me fura o seu olhar de-cadente de estrela

Ainda estou ouvindo música no luar
Surgem sombras de mulheres dançando
Se aprisiona no meu sexo sua voz
Suspira o vento ao amanhecer
Paraíso entre minhas pernas.

Agora eu tenho para me guiar
Apenas a luz dum farol apagado
Os seus braços que me seguram
O seu sorriso que me alumia.

Até cair
Até cair do outro lado
Até romper a trama da realidade, rasgar tudo, entrar no momento puro
e sem fronteiras, nem tempo, nem hora, nem noite, Nem dia.

Até perder o norte
Até entrar na escuridão dos nossos dois olhares de cego
Olharemo-nos com as mãos, com a boca, com a língua, com os dentes

Correremos na areia esgotando a respiração vermelha
Correremos até chegar ao ponto da estrada que tem fim em forma de duna
Que tem fim em forma redonda de cama
Que tem fim com parede abrindo pelo mar, pela eternidade dum renascimento

Sem fim.