«La pensée pense ce qui la dépasse infiniment»




2011-07-23

você me parece.



Você me parece tão longe enquanto tão perto,

morando num lugar escondido da minha intimidade mais profunda.

Sinto, em cada momento, a sua energia dentro de mim, no meu interior, mesmo como as vezes sinto sua energia vindo de fora, e flutuando ao meu redor, nem tentando tocar-me mas sendo me hipnotizando, na febrilidade dum traço invisível de energia, energia pura. Matéria de você que me habita. Matéria de você que me guia. Me atordoa.

A sua presença, de dentro e de fora, que eu sinto, é tão forte como a onda. Ela vai e vem num movimento constante, fiél, ritmado. Como uma orquestra de percussões me prendendo num ritual. E mesmo se eu sei que serei a pessoa, o objecto, sacrificado, mesmo se eu sei que irei sofrer meu amor, eu quero ser a sua relíquia, neste ritual, me garantindo a eternidade dum amor que sempre será, mesmo se nunca fosse.

Me entrego ao divino,me entrego à sua voz, ao seu corpo. Quero tornar-me este ritual, e cantar, acompanhada pelos tambores, a vinda da chuva.

Esta chuva que afoga tudo, aguardando das coisas, úmidas, somente os trechos mais significativos. Quero sacrificar-me meu amor, em fim de terum pedaço do seu céu.

Mesmo nublado.