as perguntas não faltam,
elas se adicionam, e até se deslocam e me amedrontam e me enjoam,
e a angústia, dessa vez,
não consegue se vestir dos farrapos da poesia, nem se disfarçar nos goles de
cachaça, na maresia
a angústia do vazio e do
Tempo que passa e me deixa sem nada, e me deixa sem tempo.
prefiro ser escrava das
palavras que escrava do sertão com sua aridez seca e suas miragens. pois as
miragens da arte tem gozo de cachoeira e cheiro de mar.
a escrita é libertação sim,
ou seja, um tipo de sadomaquismo ... pois incorporando minhas mágoas, raspando
o chão das minhas escuridðes e tirando prazer das minhas impossibilidades,
eu me fantasio alegremente
do que fatalmente busco não ser ou exorto ser, povoando meu universo de
fantasmas falidas,
fugindo da minha solidão,
abrindo uma porta, alcançando uma janela, dando um pulo na frente,
corajosamente, para encontrar, esgotada, do outro lado
uma solidão maior.
e ai apavorada me pergunto
de quem é essa solidão, essa solidão que aperta o peito, de quem é, se não é de
você, nem de eu?