«La pensée pense ce qui la dépasse infiniment»




2013-06-25

RIO ABAJO RIO «a luta pela sobrevivência entre mistérios»

Vou lhes contar uma história. Pois contar histórias é o único modo que existe para dizer a verdade sem dizê-la, deixando-la intacta, imaculada. E, aliás, contar é o ato máximo de traição. 

Não sendo uma reprodução, a verdade tem que ser transcriada. Sua pureza se aguarda na transição eterna do sentido, na sua dislocação interna. As vezes deixar os personagens de uma história agir numa realidade fantasiada parece tirar do autor qualquer responsabilidade, cria a distância necessária para dizer.

Na distância entre o escritor e as palavras dele existe um mundo de riquezas escuras. Esta história falará desse mundo, mundo que existe entre os mundos, mundo de energias, mundo de impossibilidades sendo possíveis e impossíveis ao mesmo tempo . No intervalo entre Eu-autor e o Objeto-história será criado um abismo, e da captura desse abismo pelo leitor, se criará outra brecha, outro mundo avesso. 

Um túnel.

A conexão silenciosa entre essas duas energias, se elas conseguirem encontrar-se, dará luz, pela reciprocidade, à uma verdade maior. Uma verdade incomunicável, por qualquer tipo de fala, – e, no entanto comunicada -, uma verdade nascida de uma dor prazerosa, uma verdade muda – e,no entanto, comunicada-.

Uma nostalgia do que foi sabido, do que foi esquecido ou do que se sabe que foi esquecido. E ainda não - Sabemos nem Esquecemos.

Uma revelação súbita seguida por um vazio. 

Acontecerá.

Somente se tiver reciprocidade...

E nem tem nenhuma história para contar. Apenas aquela história que segue não acontecendo.

Ou me esqueci.

Sei lá...